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Uma Baita Jogada: junho 2008

quinta-feira, 5 de junho de 2008

Maior da América Latina à maior do mundo

A maior torcida do mundo. O maior contrato entre um Clube e uma marca de artigos esportivos dentro da América Latina. A maior empresa do segmento no Brasil. É um dos poucos casos de uma marca nacional dominante em seu país, junto com Adidas, na Alemanha, e Nike, nos Estados Unidos. Três elos. Assim como os da Olympikus.

Depois de romper com a Nike, o Flamengo anunciou que estampará a marca brasileira, de propriedade da Vulcabras, em sua camiseta. Os valores do contrato impressionam. Durante cinco anos e meio, o Fla receberá 21 milhões de reais anuais. A quantia, que totalizaria 105 milhões, poderá chegar até 170 milhões, devido aos royalties que a Olympikus pagará pelas lojas do time que serão instaladas pelo Brasil. Números à altura de um Clube com 35 milhões de torcedores.

“A loja mais importante será na Gávea. Ela será ligada ao museu e sem dúvida se transformará em um ponto turístico do Rio. As demais serão no Norte, Nordeste e Centro-oeste”, afirma Tullio Formicola Filho, Diretor da Vulcabras.

Ainda está prevista a construção de um museu de 2.400 metros quadrados. Segundo o Vice-Presidente de Marketing do Mengo, Ricardo Henrichsen, “no padrão europeu, do mesmo nível do Barcelona.”

O rompimento com a Nike, a qual pagava 9 milhões por ano, era uma morte anunciada. No ano passado, a norte-americana atrasou a entrega de materiais de jogo. Diversas vezes, o Flamengo teve de vestir uniformes antigos. Advogado do Clube, Pedro Trengrouse relatou ao globoesporte.com: “Em alguns momentos, nossos atletas entraram em campo maltrapilhos”. Antes do segundo jogo da final do Campeonato Carioca, entre o Rubro-Negro e Botafogo, já havia camisas comemorativas ao título estadual.

Ainda houve mais um desgaste na relação. Quando foi apresentado o terceiro uniforme do Clube, a Nike utilizou, para a divulgação do produto, uma imagem na qual aparecia um muro da Gávea aos pedaços. O Presidente do Fla, Márcio Braga, lamentou na época. “O Flamengo foi agredido por eles. Custei a acreditar que um parceiro nosso seria capaz de uma atitude tão agressiva.”

Com a rescisão, o Flamengo trocou o swoosh por três pontos de interrogação e, assim, promovendo a curiosidade no torcedor.

Confesso que fui pego de surpresa com esta notícia. No ano passado, em palestra realizada na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, o Gerente de Comunicação da Olympikus, Márcio Callage, afirmou que a marca não faria investimentos no futebol. Para ele, a Olympikus, que já patrocina o Comitê Olímpico Brasileiro e a Confederação Brasileira de Atletismo, seria “apenas mais uma” nesse esporte.

Por e-mail, o contatei para saber o motivo. Prontamente, Callage disse que a razão era o tamanho da torcida do Flamengo. “Ou entrávamos assim, ou era melhor ficar de fora”, afirmou. Acertadíssima decisão. O apelo do Rubro-Negro é tanto nacional, quanto internacional. E o risco de os torcedores rivais “boicotarem” artigos da marca é mínimo, para não dizer zero. Os extremamente radicais são poucos.

Na década de 80, com a introdução das grandes marcas estrangeiras no mercado brasileiro, na qual a Olympikus decidiu investir em design e tecnologia, além de ratificar seu caráter nacionalista. Hoje, mais uma vez, a gigante brasileira compete de igual para igual contra as gigantes internacionais. E, agora, volta com tudo ao futebol, depois de patrocinar o Grêmio, no início dessa mesma década.

E fica de lição aos outros fortes Clubes brasileiros. Devem ter idéia de suas grandezas para buscarem contratos que, ao menos, se aproximem ao fechado entre Flamengo e Olympikus.


Foto: Márcia Feitosa/VIPCOMM